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quarta-feira, 21 de setembro de 2011

Amar é sofrer? -Liliane Prata


O ex de uma amiga minha é ótimo. Legal, inteligente, bonito, bem-humorado, enfim, essas qualidades que as pessoas ótimas têm. Bem, o namoro durou um mês. E nem pense que foi o cara ótimo que deu um pé na bunda da minha amiga (senão ele não seria ótimo, afinal de contas!). Foi ela que desistiu dele. Claro que fui perguntar o motivo. E a resposta foi: “Nosso namoro era perfeito demais”. Antes de achar que minha amiga é uma idiota (às vezes, ela é idiota, mas não sempre, sabe), ponha a mão na consciência e veja se nunca passou por algo parecido.
Não sei quem colocou na nossa cabeça que amor, para ser amor mesmo, tem que arrancar lágrimas e nos deixar sempre inseguras. Algum poeta sofredor do século 19? A Carrie de Sex and The City? Bem, agora que o estrago já está feito, vamos nos focar no presente. O poeta morreu, a série acabou (mas o filme vai ter continuação, vocês viram? Enfim, continuando) e eu estou aqui, pensando que, bem, não posso culpar minha amiga tanto assim. A gente adora uma história de amor difícil e complicada (se você não adora, desculpe. Respeite minhas generalizações! Pelos direitos dos colunistas!).
Pensa bem. Quando algo é muito difícil, perdemos o interesse rapidinho. Exemplo: ler um texto chinês em braile, se você não sabe chinês nem braile. Você pode até se divertir passando a mão nos pontinhos, mas depois vai largar aquilo pra lá, certo? Ok, foi um exemplo besta. O que importa é: quando a coisa é difícil, mas não impossível, lá está a gente, lutando para conquistá-la. Pode ser um namorado que não dá muita bola para você, o campeonato de basquete na escola, enfim, qualquer coisa que estimule nossa competitividade, exija nosso empenho, exercite nossas habilidades. E, quando a coisa é muito fácil, do tipo jogar damas com seu primo de 3 anos ou namorar um cara que te ama e é um fofo, a situação perde um pouco a graça. O jogo já está ganho, você não tem que lutar por nada, então tchau. Certo?
Bom. Em relação a jogar damas com seu primo de 3 anos, concordo. É sem graça. Mas, se o assunto é amor, acho que vale a pena tentar se curar do vício em sofrimento, em dificuldades e tal. Nós, que estamos acostumadas a arrancar os cabelos por causa de namorados que são até bacanas, coitados, mas que não são o nosso número, estranhamos muito quando nos deparamos com alguém com quem tudo flui sem maiores dramas. Constatei isso depois de terminar com um cara fofíssimo o que nem tinha começado direito. É, não tem amiga na história: a menina do primeiro parágrafo sou eu. Mudei de idéia por causa de uma frase do comediante Grouxo Marx: “Eu me recuso a ser sócio de qualquer clube que me aceite como sócio”. Fui atrás do cara fofíssimo, aceitei o convite para sócia e acabei me apaixonando, mesmo sendo tudo tão fácil. Agora, em vez de relações problemáticas, canalizo minha competitividade para atividades inofensivas como jogar damas. Com um parceiro que tenha mais de 3 anos, claro.
Para ver outros textos da Liliane Prata e conhece-la mais é só clicar aqui.

4 comentários:

  1. O problema é a idealização : tem quem queira amor de cinema e esse geralmente é cheio de altos e baixos. Daí, quando a vida tá tranquila, a pessoa pensa que a coisa não tá fluindo...rs

    Ai, ai.

    =*

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  2. Lindo o texto e acredito que seja uma situação que todos já passaram ou passarão.
    Bjimmm

    epilogosyfinais.blogspot.com

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  3. @Luna Sanchezsim! muita gente acha que amor de verdade é aquele com muitas lagrimas e dor...já passei por isso, fazer o que né..kk'

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  4. Nós e essa mania de querer que amores de cinema, que tem briga que termina em beijo. Mas é uma situação que a maioria de nós já passou.

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